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Antes de mexer com o dérbi, é preciso mudar Campinas

17 mar

A agressão ao torcedor Anderson Ferreira, 28, após os derbinhos de quarta-feira reacendeu a polêmica sobre se existe validade em contar com as duas torcidas no derbi programado para o dia 24 e que vai comemorar o centenário.

Alguns argumentam que o jogo com torcida única é a saída para evitar confusões e os clubes lucrarem com a partida. E que as autoridades mostraram incompetência para gerir o espetáculo.

Desculpe, mas penso que o debate é mais profundo. A violência entre pessoas não é gerado apenas por causa de uma atitude isolada de uma pessoa, mas um clima que proporciona o ato.

Sejamos francos: o futebol campineiro há muito tempo está impregnado de um clima bélico entre as duas torcidas. Lógico, o blogueiro não será louco de admitir a existência da rivalidade. Mas antes a história era diferente. Os torcedores lutavam por resultados, craques, conquistas…Existia um motivo de embate, discussão. Nada era á toa.

Hoje não. Seja em Campinas ou no restante do Brasil, os seres humanos ficaram brutos, violentos, insensíveis, sem solidariedade. Afinal, quantas vezes você espera ajuda de um companheiro de trabalho e fica falando sozinho? Quantas vezes você se sente abandonado e excluído por parentes e até amigos que parecem íntimos. Queiramos ou não, isto também é um ato de violência.

Diante disso, pergunto: como imaginar que o futebol fosse uma ilha isolada? Infelizmente, o esporte é apenas reflexão da condição humano. Faça uma relação: todo mundo relembra com saudade dos anos 1950, 1960 e por ai. O romantismo parecia que estava no ar. Bem ou mal, esta é a recordação que temos do nosso futebol jogado na época, que teve a sorte ainda de contar com Pelé e Garrincha. Se na sociedade a década de 1980 é considerada um período perdido, o futebol também não fica atrás.

Em resumo: antes de mudar as torcidas de Ponte Preta e Guarani precisamos mudar a cidade de Campinas, cada vez mais cruel, bruta, injusta, violenta e que valoriza o individualismo e a vitória a qualquer preço. O futebol, infelizmente, apenas reflete este estado de coisas. O derbi precisa continuar com duas torcidas. O que precisa mudar é o espírito da cidade, cada vez mais falida no aspecto moral e de convivência.

 
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Publicado por em 17 de março de 2012 em Uncategorized

 

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