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A crença de Dilma não me interessa

09 jan

Se existe algo que me irrita profundamente é usar a religião de cada pessoa para executar julgamentos sumários. Ou insinuar comportamentos morais. A Folha de São Paulo traz na edição deste domingo uma matéria sobre a mudança dos movéis do gabinete presidencial. Vá lá, é um tema desprovido da capacidade de alterar o valor do dólar ou os rumos do pré-sal. Só que em dado momento, a repórter coloca a decisão de Dilma de tirar o Crucifixo e a bíblia que ficava em cima da mesa de trabalho de Lula. O texto insinua que isto entra em confronto com o posicionamento da então candidata na campanha presidencial.

Antes de alguém ler este artigo e pensar algo errado, o blogueiro esclarece que é protestante. E que seu parceiro Bira Dantas é espírita. Mesmo assim, nunca, jamais entramos em qualquer litígio a respeito do tema. Principalmente porque sabemos que a verdadeira fé cristã não se mostra por intermédio de objetos, discursos ou defesa de teses proselistas. É na ação do cotidiano, com amor, solidariedade, mansidão, domínio e especialmente tolerância e amor ao semelhante que se mostra tal posicionamento. Infelizmente, digo com dor no coração, que uma parte (uma parte!) dos evangélicos brasileiros dedicam-se ao oficio de julgar e condenar ao invés de ajudar. Triste, mas é a realidade.

Recentemente assisti ao filme “O livro de Eli” com Denzel Washington, em que ele interpretava um homem em busca de entregar o livro sagrado a um porto seguro. Um bandido queria tomar a obra e acaba conseguindo. No final, a surpresa (se você não assistir e quer conferir o desfecho, pare por aqui): na realidade, o andarilho era cego e bastou ele aterrisar na biblioteca para ditar linha por linha palavra e automaticamente possibilitar a confecção de uma cópia.

Resumo da ópera: eu não quero que Dilma tenha bíblia na cabeceira de sua mesa de trabalho. Se tiver, ótimo. Mas peço sabedoria em suas decisões. Se você não se convenceu, uma última explicação dada pelo senador eleito Roberto Requião em seu Twitter: “Dilma tem Jesus no coração. O estado é laico”.

Observação: após o fechamento deste texto, tomei conhecimento da resposta da Secretária de Comunicação Social, Helena Chagas, em seu twitter. Vou juntar em um texto só. Veja: “Pessoal, só esclarecendo:a presidenta Dilma não tirou o crucifixo da parede de seu gabinete.A peça é do ex-presidente Lula e foi na mudança. Aliás,o crucifixo,que Lula ganhou de um amigo no início do governo,é de origem portuguesa.Mais:Dilma também não tirou a bíblia do gabinete. A bíblia está na sala contígua, em cima de uma mesa – onde, por sinal, a presidenta já a encontrou ao chegar ao Planalto” . Mais claro, impossível.

 

 
1 comentário

Publicado por em 9 de janeiro de 2011 em Uncategorized

 

Uma resposta para “A crença de Dilma não me interessa

  1. André Lux

    9 de janeiro de 2011 at 18:16

    Já eu sou ateu, graças a deus!

     

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