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Uma análise (ponderada, dentro do possível) da Ponte Preta

20 jan

Não é fácil assimilar o gosto amargo da derrota. Planejar, fazer contratações e ver todo o esforço ir por água abaixo em 90 minutos não é uma experiência pródiga em produzir satisfação. O Campeonato Paulista começou  e talvez a reação mais irada venha da torcida da Ponte Preta, que não se conforma com as derrotas para Mirassol e Mogi Mirim. Com a sequencia de jogos prevendo São Paulo, Portuguesa, São Caetano, Linense e Santos, há quem vislumbre uma possibilidade de rebaixamento no horizonte. Alguns querem a saída do técnico Gilson Kleina, contratado com a missão especifica de transformar um grupo de coadjuvante em filme de sucesso. Com direito a bilheteria robusta.

Posso estar enganado, mas o drama vivido pelo torcedor pontepretano vai além dos resultados no gramado. Pode-se fazer um parelelo com um paciente que há anos busca uma cura para sua doença crônica e só ouve diagnósticos furados. E quando conversa com o médico da família, o remédio receitado é até eficiente, mas apenas estanca a ferida.

Vamos aos fatos. A Ponte Preta é, disparada, o clube de maior apelo popular do interior de São Paulo. Tem uma torcida fanática e uma história épica, poucas vezes vistas no futebol brasileiro. Se o curso do tempo lhe fosse favorável seria um Atlético-PR ou mesmo uma potencia capaz de rivalizar com as grandes equipes situadas na capital.

Mas existe um entrave. Um drama que não se apaga e o torcedor não esquece: a falta de um título de expressão. O torcedor está no direito e dever dele. Tem que protestar, xingar e pedir pelo fim do martírio. Talvez o erro maior esteja na diretoria. Sangue frio e racionalidade são atributos necessários. Conhecer o timing adequado na tomada da decisão correta. Apesar das boas intenções, talvez esta seja a principal falha da gestão do presidente Sérgio Carnielli.

Pegue o exemplo do duelo com o Mogi Mirim. É claro que Gilson Kleina decepciona no seu inicio de trabalho. Mas também é verdade de que jogadores como Válber, Mancuso e o goleiro Marcelo Lomba não foram utilizados. Ou seja, existem cartuchos para serem queimados. O treinador ainda possue argumentos para exibir ao público e para cobrar dos atuais titulares.

Mas houve um equivoco de estratégia. Após a derrota para o Mogi Mirim, antes da entrevista coletiva de Gilson Kleina, o gerente de futebol, Marcus Vinicius, decidiu falar. Independente do conteúdo, sua atitude passa a impressão de que o atual treinador precisa de um escudo. Não. O salutar seria Kleina encarar o quadro de peito aberto, sem amarras. Todos sabemos que Marcus Vinicius queria ajudar. É nobre. Mas involuntariamente colocou mais óleo na frigideira. Seria uma carta para tirar na manga mais á frente, não na segunda rodada do Paulistão. Resultado: se perder os dois jogos fora de Campinas, a situação de Kleina vai beira ao insustentável. E pode comprometer a campanha de elenco com bons jogadores e que mostra-se vitima de um calendário perverso e que não tolera mudanças radicais de um ano para outro.

Para terminar, uma reflexão ao torcedor pontepretano: digamos que Gilson Kleina seja demitido após ser eventualmente derrotado pelo São Paulo. E na sequência outro comandante é contratado e colhe novamente uma sequência negativa. Haverá clima para uma nova troca de comandante? Existe a garantia de que o problema situa-se apenas e tão somente no treinador, na diretoria ou tudo isso é conseqüência de anos e anos de decepções? Pense nisso.

 

 
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Publicado por em 20 de janeiro de 2011 em Uncategorized

 

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