Imprensa é um negócio como outro qualquer. Precisa registrar lucro, possuir influência e de certa forma levantar mais recursos para estender seus tentáculos. Mas a pluralidade é fundamental, especialmente no espaço de opiniões. Mesmo que um jornal ou revista tenha uma posição antagônica ao governo de plantão, é preciso conceder espaço ao pensamento contraditório. Antes de tudo, noticia é um produto e algo consumido por pessoas de diversas correntes.
Pegue o jornal O Estado de São Paulo. Veiculo respeitável, bem escrito e com uma vantagem: nunca escondeu o seu lado. Defende as bandeiras liberais e sempre teceu criticas contundentes ao governo do ex-presidente Lula. Se eram justas ao não, isso não vem ao caso. Mas nunca se portou de modo hipócrita e nas eleições abriu seu apoio ao candidato José Serra. Ponto a favor da transparência.
Mas nem tudo são flores. O espaço de opinião do Estadão reflete uma tendência nefasta da imprensa brasileira: só os contrários aos ideários de esquerda falam. Fernando Henrique Cardoso deita falação aos domingos e jamais é contestado. Agora, Fernando Gabeira (ex-esquerdista, ex-guerrilheiro, ex-tudo) passa também a mostrar o seu ressentimento com o governo Dilma e os petistas. E o leitor, se pensar diferente? O que faz? Simples: ligue o computador e vá ao blog progressista mais próximo. Se depender dos veículos impressos, a esperança de confronto de idéias é nula.