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Ronaldo e a força do marketing

15 fev

A despedida de Ronaldo dos gramados ainda monopoliza as atenções. Confesso que fiquei espantado com o destaque dado pelos jornais impressos em suas edições de hoje. Claro, ninguém nega a importância do Fenômeno na história do futebol brasileiro e mundial. Sua história de superação, entrega, dedicação e a consequente colheita de títulos é um roteiro inesquecível para qualquer diretor de cinema. Mesmo assim, é preciso fazer uma análise ponderada em relação ao alarido.

Quem acompanhou Ronaldo desde o surgimento no Cruzeiro, em 1993, sabe que o marketing sempre foi a catapulta para os seus feitos. O seu talento e habilidade foi logo adotado por Galvão Bueno, que na época talvez não enfrentasse tanta rejeição hoje. Com isso, a Rede Globo sempre acompanhou seus passos, até quando esteve no PSV. Cá entre nós, o futebol holandês não é tecnicamente a oitava maravilha do mundo. Mas Ronaldo sempre estava em evidência.

Ouso dizer que boa parte do mito foi criado quando vestiu a camisa do Barcelona. Em um clube global, dotado de estrelas e de projeção internacional, não teve dificuldade para projetar a imagem de bom moço. Um atributo reforçado quando teve as contusões pela Internazionale. Naquele período, o craque do seu staff foi Rodrigo Paiva. Com habilidade impressionante, conseguiu deixar o jogador na mídia, dia sim e dia não. Apesar de encontrar-se fora de combate.

Seu desempenho na Copa do Mundo de 2002 e pelo Real Madrid se contituiram no combustível para a construção de uma lenda. Justa. Mas que era beneficiada pela sede de noticia de tablóides e jornais esportivos.

Ao decidir-se pelo Corinthians, Ronaldo fez uma jogada de gênio. Uniu uma equipe de potencial técnico bom a uma torcida apaixonada e com consumo a flor da pele. Conquistou títulos em 2009 e ao mesmo tempo sempre soube catalisar e atrair as atenções da mídia. Mesmo com raras entrevistas coletivas na agenda.

Ao ver o destaque dado pelos jornais de hoje, fiquei com a impressão que a mídia quis aproveitar o momento para chupar até a última gota de personagem tão especialista em produzir noticias. Afinal, se analisarmos a importância de cada jogador na história do futebol, que destaque teria que ser dado hoje para a saída dos gramados de Romário, Zico, Platini, Garrincha ou Beckenbauer? Um jornal inteiro? E Pelé? Esse melhor nem pensar…

 

 
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Publicado por em 15 de fevereiro de 2011 em Uncategorized

 

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